Racismo E Injúria Racial No Ambiente Escolar

No último dia 29 de março de 2025, A J. Reuben Clarck Law Society, capítulo Feira de Santana-Bahia, em parceria com a OAB/BA subseção Feira de Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana(UEFS) e a Escola Estadual de tempo integral Ana Angelica Vergne, protagonizou um importante Workshop sobre Racismo e Injúria Racial no Ambiente Escolar, reunindo especialistas de diferentes áreas para debater a complexidade e as consequências do racismo nas escolas, bem como estratégias para seu enfrentamento.

O evento contou com a participação de profissionais renomadas, que trouxeram experiências práticas e teóricas fundamentais para o aprofundamento da temática.

A primeira palestrante, a advogada criminalista Dra. Mariana Rodrigues, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/BA, subseção Feira de Santana, apresentou o arcabouço jurídico que sustenta o combate ao racismo e à injúria racial no Brasil, bem como, o chamado racismo recreativo amplamente massificado na sociedade. Sua explanação trouxe clareza sobre a diferença entre os dois crimes, os impactos no ambiente escolar e como a legislação os considera à luz da faixa etária do público escolar. A Dra. Mariana destacou ainda o papel da escola na denúncia e prevenção desses atos, reforçando que o ambiente escolar deve ser espaço de acolhimento e promoção da igualdade.

Na sequência, a psicóloga convidada, Vitória Carmo, que atende prioritariamente pessoas negras, compartilhou uma fala sensível e potente sobre as dores causadas pelo racismo nas escolas, vividas em sua própria trajetória como criança e jovem negra, tanto na rede pública quanto na privada. Ao abordar as cicatrizes emocionais deixadas pelas experiências de exclusão, estigmatização e silenciamento, ela também apontou caminhos de superação. Encerrando com uma mensagem de esperança, sugeriu formas práticas de se proteger e resistir ao racismo, tanto no ambiente escolar quanto na sociedade em geral.

A professora de História e mestre em Educação, Josy Sousa enriqueceu o debate ao abordar as múltiplas faces do racismo na escola, com destaque para a folclorização da cultura negra e o apagamento histórico. Ela reforçou a necessidade de um letramento antirracista que envolva toda a comunidade escolar, e não apenas professores das áreas de ciências humanas. Para Josy, combater o racismo exige uma postura ativa de todos os educadores e gestores, independentemente da disciplina que lecionem.

A mesa de discussão foi coordenada pela professora Sônia Lima de Carvalho, representante do núcleo Mulieribus (Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres e Relações de Gênero da UEFS), e contou com a participação da advogada Dra Márcia Azevedo, que apresentou a relevante parceria com a J. Reuben Clark Law Society, reafirmando o compromisso coletivo na promoção de ações antirracistas.

O encerramento do Workshop foi marcado por uma roda de perguntas, com contribuições inteligentes e perspicazes do público presente. As questões abordaram temas como a objetificação do corpo da mulher negra, a concepção jurídica sobre racismo e injúria racial, além de temas como estupro e importunação sexual, revelando o interesse e engajamento dos participantes na construção de uma escola mais justa e acolhedora.

Este evento reafirmou o compromisso da JRCLS com a promoção da equidade racial, a valorização da diversidade e o fortalecimento de uma educação comprometida com os direitos humanos.